Tbilisi fica na Geórgia. Mas onde fica a Geórgia?

Passei a primeira semana de maio na Geórgia. Visitei a capital, Tbilisi e o balneário de Batumi, no Mar Negro. Antes de viagem, as pessoas me perguntavam para onde eu estava indo. Ao responder Geórgia, muitas não tinham ideia do que eu estava falando e outras achavam que a viagem era para Atlanta, nos EUA. Claro que a Geórgia não está no roteiro mais comum dos turistas brasileiros, mas como sou curioso, fui até lá conferir. Há algum tempo que estava intrigado com este pequeno país. Ao contrário de lugares como a Sérvia, Azerbaijão, Kosovo e Armênia, eu sempre lia coisas boas a respeito de lá.

No ano passado comprei um livro de fotos lindo feito pela agência Magnum. O presidente do país, Mikhail Saakashvili, o mais jovem líder europeu, encomendou o livro como forma de divulgação da Geórgia. Vários fotógrafos renomados puderam percorrer livremente o território e fazer as fotos que quisessem. Isso mostrou a abertura do lugar e me deixou com vontade de conhecer.

Por coincidência, na mesma época eu vagava por uma livraria quando me deparei com um livro da Cosac Naify do John Steinbeck com fotos do Robert Capa chamado Um Diário Russo. Em um dos capítulos eles descrevem a experiência que tiveram por lá em 1947 e fiquei fascinado com a história, principalmente com a descrição da chegada deles em Batumi, na beira do Mar Negro.

Depois passei a ver notícias dos projetos arquitetônicos do italiano Michelle de Lucchi, que foi contratado para criar ministérios, pontes e outros monumentos modernos a fim de colocar a Geórgia no mapa internacional dos lugares bacanas.

Mas nada melhor do ir checar in loco o que está acontecendo. Fui com a Turkish Airlines, via Istanbul. Do aeroporto de Atatürk até Tbilisi é apenas 1h30 de voo. Não é preciso de visto de entrada nem de vacina e tudo é muito fácil na chegada. Meu amigo Delyan Manchev, que mora em Sófia, na Bulgária, foi comigo. Nos hospedamos na British House, um hotel-guesthouse bem interessante, pois é administrado por uma família local. Então, querendo ou não, dá para fazer contato com as pessoas dali. São todos muito simpáticos e quase sempre falam inglês e russo, além do georgiano. A propósito, a língua deles é bem diferente e o alfabeto então, mais diferente ainda. Nada a ver com o nosso latino, nem mesmo com o cirílico. Olhando as placas e outdoors, mais parece uma língua da Índia ou do Myamar.

Dois dias em Tbilisi foram suficientes para conhecer a cidade antiga, a nova catedral da Santa Trindade, o Palácio Presidencial, a Ponte da Paz a Avenida Rustaveli e a Praça da Europa. A cidade é supercompacta e há várias opções de restaurantes e bares. A impressão que se tem é que a maior parte da população é jovem. De Tbilisi, vamos com a Georgian Airways para Batumi em 40 minutos de voo. É o único voo doméstico do país. No trajeto, muitas montanhas nevadas, que vão acompanhando o avião até a descida na beira do Mar Negro. De carro ou trem a viagem levaria umas 7 horas. Por falta de tempo optamos pelo avião.

Batumi é uma mistura de resort com balneário. Há vários cassinos, prédios ultramodernos e outros com gosto bastante duvidoso. As praias são feias, cheias de pedregulhos, mas a água é limpa (e gelada). Não tem muita coisa para fazer por lá e, como estávamos fora da temporada de verão, havia pouca gente nas ruas. Comi em um restaurante ucraniano, o Ukrainochka, um prato chamado de “herring com casaco de pele”, uma salada de herring, maionese, batatas e beterraba. Uma delícia. Comi também vários katchapuri, uma pizza local, com queijo e ovo. A Geórgia produz muitos vinhos interessantes e tem queijos bons, principalmente o Sulgumi. Quase todos os restaurantes têm cardápios em inglês e, apesar do serviço ainda não ser lá muito amigável, é eficiente.

O que deu para notar é que há um grande esforço de todos os georgianos de fazer com que o país seja bem visto pelos turistas. A Geórgia é alinhada com o Ocidente, quer fazer parte da OTAN, está brigada com a Rússia e, nos últimos 10 anos, conseguiu conquistar uma grande estabilidade. A maioria dos ministros e governantes é bem jovem e idealista e o governo pensa para frente, atraindo investimentos externos e sendo bastante “business friendly”.

Adorei ter conhecido este minúsculo país, mas a melhor parte da viagem foi a escala de um dia em Istanbul, que é uma das minhas cidades favoritas!

Eu em frente à Igreja da Santíssima Trindade

A cidade antiga de Tbilisi

O Parlamento local

Dubai? Não, a ponte do arquiteto de Lucchi

placas em russo e georgiano nos muros de Tbilisi

mais um prédio moderno

boas vindas a Batumi com crianças e doces locais (iguais aos doces turcos)

Batumi colorida e insólita

culinária ucraniana

Dubai? Não, Batumi.

O Mar Negro é azul